16 agosto 2010

Musicoterapia



Diz-se que foi o filósofo suíço-francês Jean-Jacques Rousseau, no princípio do século XVIII, que descobriu o que se tornou mais tarde a musicoterapia. Quase na mesma altura, o músico francês André Modeste Grétry observou que a rapidez das suas pulsações variava segundo os compassos mais ou menos rápidos dos cânticos que compunha, modificando-se essa velocidade, em função do compasso musical, no mesmo sentido das suas pulsações. As experiências sobre os estímulos sonoros desenvolveram-se em finais do século XIX e têm-se multiplicado desde então, daí decorrendo diferentes tendências, que se encontram divididas em duas principais: estudos sobre processos fisiológicos e estudos sobre relatos verbais.

A Musicoterapia existe em França há mais de trinta anos, praticamente desde que foi criada, pelo Benenzonk na Argentina. Com duas orientações: a chamada receptiva, ou passiva, que consiste em ouvir o paciente, e a chamada activa, quase não verbal, que põe em acção sonora o paciente. Sonora, pois, porque utiliza todos os sons possíveis: os sons involuntários do nosso corpo (sons da barriga etc…), os sons que fazemos voluntariamente com o nosso corpo (bater as palmas, etc…), os sons que nos rodeiam (na sala, na rua, na natureza, no prédio, no comboio etc…). Sonora, pois não é preciso saber tocar música ou cantar afinadamente para poder usufruir dos benfazeres dos sons! Porque podemos usufruir da música e dos cantos que fazemos sem ser músicos.
Os precursores franceses, do fim dos anos 60, chamam-se Jost, Edith Lecourt (criou na Faculdade da Sorbonne um curso de musicoterapia, com doutoramento) e Gérard Ducourneau (com o qual Joelle Ghazarian estudou).


Os princípios do método do Ducourneau 1) (e não só!) são sinteticamente os seguintes:
  • Estabelecer uma relação não intrusiva é o primeiro tempo necessário para que se instaure uma musicoterapia. A musicoterapia, que se inscreve numa interdisciplinaridade, trata de ajudar, mas sem prejudicar;
  • Criar, renovar , reequilibrar, dar luz ao desejo de viver;
  • Abrir os canais de comunicação: partilhar, ouvir, comunicar, exprimir as emoções, desbloquear-se, relacionar-se;
  • Aderir, não sofrer, não se esforçar: encontrar o elan interior, motor vital;
  • Ter prazeres;
  • O objectivo, nem sempre atingível, é: conseguir um dia exprimir-nos verbalmente com precisão e duma maneira aliviadora.
1) Psiquiatra, compositor e musicoterapeuta argentino considerado um dos criadores da musicoterapia nos anos 70. Gérard Ducourneau, um dos três grandes representantes franceses da musicoterapia, foi o primeiro a traduzir a obra de Benenzon em francês e acolheu-o em Bordéus no seu instituto, o Atelier de Musicothérapie, A.M.Bx (onde Joelle Ghazarian estudou).

12 agosto 2010

Um recanto por descobrir!

Estamos por Sagres, aliás, durante este mês percorremos um pouco de todo o concelho, o concelho de Vila do Bispo, com um saltinho ao de Aljezur e Lagos.

Nesta altura do ano as praias estão cheias de turistas, mas há sempre aqueles recantos mais isolados que nós ainda não descobrimos, e este é um deles.

Quando chegamos temos uma entrada com dois montes de pedras, um de cada lado. Estamos a entrar num outro mundo, numa verdadeira catedral! Para todo o lado que olhamos há montinhos de pedras de todos os tamanhos, feitios e cores. Assentes nas rochas, em todas as suas saliências, algumas mais malabaristas, mas todas no seu conjunto formam uma beleza natural incrível. Incrível é também o facto de quando a maré fica cheia, esta estrutura mantém-se!

Um dia, quando menos esperarem e descobrirem esta catedral de pedras, não se esqueçam de deixar um pouco de vós, e fazerem a vossa pirâmide de pedras. Inspirem, expirem e sintam a energia do local.